SÃO PAULO – Virou realidade o que antes era coisa de cinema. Carros movidos a esgoto – como o famoso DeLorean do Dr. Brown no filme De volta para o futuro – se tornaram tecnologias viáveis e que já estão em fase de testes em algumas cidades do Brasil.
Ainda não é possível colocar uma casca de banana no tanque e sair rodando por aí. Mesmo assim, a tecnologia existente no Brasil constitui uma opção sustentável ao gerar combustível automotivo a partir de gases oriundos do esgoto, lixo, restos de alimentos, resíduos da agricultura e até de titica de galinha.
É o biometano, gás extraído de matéria orgânica em decomposição, que pode abastecer qualquer veículo com kit de GNV. Porém, diferentemente do já conhecido gás natural veicular, que tem origem fóssil como a gasolina e o diesel, o biometano é 100% renovável.
Segundo o Centro Internacional de Energias Renováveis/Biogás (CIBiogás), o biometano pode reduzir em até 90% as emissões de poluentes na comparação com a gasolina. Seu uso previne o lançamento de metano na atmosfera, um dos vilões do aquecimento global – embora tenha menos quantidade de metano na atmosfera em comparação ao CO2, ele é muito mais devastador.
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Na usina de Itaipu (PR), alguns veículos usados por funcionários são a base de biometano. A Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (Sabesp) será a primeira empresa de saneamento do País a produzir biometano exclusivamente a partir do lodo que resulta do tratamento de esgoto. O objetivo é gerar combustível suficiente para substituir 1,7 mil litros de gasolina e abastecer cerca de 50 automóveis adaptados com kits GNV.
O potencial de biogás no Brasil é promissor. Além dos benefícios ambientais, ele tem custo 56% menor que o do diesel, por exemplo. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) considera que o potencial energético das biomassas no Brasil, saltará de 210 milhões de TEP (Tonelada Equivalente de Petróleo) em 2013, para cerca de 460 milhões de TEP em 2050.
Já a Associação Brasileira de Biogás e Biometano (Abiogás) considera que o potencial nacional é de cerca de 20 bilhões de metros cúbicos ao ano nos setores sucroalcooleiro e na produção de alimentos. Já no setor de saneamento básico, resíduos sólidos e esgotos domésticos é de três bilhões de metros cúbicos ao ano.