SÃO PAULO – Falar na Zona Oeste do Rio de Janeiro é falar do que poucos conhecem. Mas, ainda que frequentemente preterida pela Zona Sul – com suas famosas praias e morros – a Zona Oeste é, na verdade, a mais carioca das regiões da cidade. Afinal, nela vivem mais cariocas do que em qualquer outra região do Rio e nela estão concentrados nada menos que sete dos 10 bairros mais populosos da capital fluminense. E isso não vai mudar tão cedo: a Zona Oeste é a região do município que mais vai crescer, em termos populacionais, nos próximos anos.
Desde o dia 26 de maio, parte importante da imensa e carioquíssima Zona Oeste está em festa. Com a inauguração da Nova Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Zona Oeste, em Deodoro, 230 mil moradores da região passaram a ser atendidos por serviços de água e esgoto. “Em 2012, esse número não passava de 20 mil e até 2022, ele será de 1 milhão”, diz Fernando Santos-Reis, diretor-presidente da Odebrecht Ambiental, responsável pelo contrato de concessão com a prefeitura por meio da Foz Águas 5, em sociedade com a Águas do Brasil. “Estes números mostram o resultado efetivo do nosso trabalho em saneamento e também comprovam que o município do Rio está fazendo sua parte para reduzir o despejo de esgoto não tratado na baía da Guanabara”, afirma.
Erguida ao custo de R$ 640 milhões, a Nova ETE Zona Oeste trata 35 milhões de litros de esgoto diariamente – esgoto este que, originalmente, era lançado in natura, ou sem tratamento, na baía de Guanabara. Até novembro, quando a ETE atingir sua capacidade plena, mais 200 mil moradores da região serão atendidos e outros 30 milhões de litros deixarão de ser lançados, totalizando uma redução de 65 milhões de litros no volume diário de esgoto sem tratamento despejado na baía. É uma redução de volume equivalente a todo esgoto coletado e tratado na cidade de Niterói, município na região metropolitana do Rio de Janeiro com população estimada em 496 mil habitantes.
Tudo isso usando uma nova tecnologia de tratamento de água revolucionária e inédita no Brasil chamada Nereda. Desenvolvida durante 20 anos na Holanda por uma parceria público-privada (PPP) que reuniu empresa, universidade e governo, o Nereda precisa de apenas um quarto da área e um terço da energia elétrica que uma estação convencional de igual capacidade requer para funcionar. Usada com sucesso em outras 10 estações espalhadas por três países, a tecnologia está em vias de implantação em mais sete nações. “(No Brasil, o) Rio de Janeiro é o primeiro município a receber uma estação Nereda e a expectativa é que outras cidades onde atuamos na expansão do acesso ao sistema de esgoto sejam também contempladas com essa tecnologia”, diz Fernando Santos-Reis, diretor-presidente da Odebrecht Ambiental. “Rio Claro, no interior de São Paulo, será a próxima”, afirma.
No caso do Rio de Janeiro, em especial da Zona Oeste, a Nova ETE também se encaixa no âmbito do legado dos jogos olímpicos e a paralímpicos Rio 2016. Ao reduzir o volume de esgoto lançado sem tratamento na baía de Guanabara, ela contribui, marginalmente, com a redução da poluição no corpo de água que servirá de arena para as provas da vela, também conhecida como iatismo. Com 10 eventos marcados para acontecer entre os dias 8 e 18 de agosto nos jogos olímpicos e outros três eventos marcados entre os dias 12 e 17 de setembro nos jogos paralímpicos, a modalidade reunirá 480 dos melhores atletas da vela do mundo nas águas próximas à Marina da Glória, na Zona Sul do Rio de Janeiro.