SÃO PAULO – Os crimes ambientais movimentaram entre US$ 91 bilhões e US$ 258 bilhões em 2015 – alta de 26% em relação a 2014, quando o mesmo mercado moveu entre US$ 70 bilhões e US$ 213 bilhões. Os números colocam os crimes ambientais em quarto lugar no ranking das atividades criminosas que mais movimentam dinheiro no mundo, atrás apenas do tráfico de drogas, em primeiro, do contrabando de mercadorias, em segundo, e do tráfico de pessoas, em terceiro. “São resultados devastadores não só para o meio ambiente e para a economia, mas também para os que vivem ameaçados pelos grupos criminosos que administram esse tipo de atividade”, diz Achim Steiner, diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que junto com a Interpol, conduziu a pesquisa que chegou a esses números.
Os crimes ambientais envolvem uma série de práticas em diversas áreas, mas no cálculo predominam atividades relacionadas ao desmatamento, ao tráfico de animais, à exploração ilegal de ouro e outros minerais, à pesca ilegal, ao tráfico de lixo e às fraudes no mercado de crédito de carbono. Este último ramo de atuação criminosa vem crescendo em ritmo duas a três vezes superior ao crescimento do produto interno bruto (PIB) mundial. Já o desmatamento e o tráfico de produtos derivados da prática é o segmento que mais movimenta fortunas: entre US$ 50 bilhões e US$ 152 bilhões ao ano.
Auferir valores em um mercado que tem a falta de transparência como regra é talvez um dos maiores desafios do levantamento divulgado pela Interpol e pelo PNUMA. Não é por acaso que os valores revelados pelo estudo não são fixos, mas existem num intervalo de possibilidades. Ainda assim, com ajuda de autoridades e órgãos que atuam, local e internacionalmente, no combate da prática, instituições como a Interpol e o PNUMA têm conseguido revelar as extraordinárias cifras movimentadas por este mercado clandestino há mais de um década. E nesta última década, observou-se um crescimento médio anual e 5% a 7%. “O mundo precisa agir agora para acabar com o crime ambiental”, alerta Steiner, do PNUMA.
Um bom começo, segundo especialistas, seria investir mais no combate a esse tipo de crime. Atualmente, o montante de dinheiro que se perde com crimes ambientas é 10 mil vezes maior – isso mesmo, dez mil vezes maior – que o investido por agências internacionais no combate à prática. Nesse sentido, restabelecer prioridades talvez seja o primeiro e mais importante passo a ser tomado no caminho para reduzir o gigantesco – e crescente – mercado mundial de crimes ambientais.
Leia a íntegra do relatório (em inglês) intitulado The Rise of Environmental Crime: A Growing Threat to Natural Resources, Peace, Development and Security, de autoria do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e da Interpol.