SÃO PAULO – Levantamento da Agência Nacional de Águas (ANA) aponta que, no Brasil, 75% de toda vazão de água consumida é utilizada por sistemas de irrigação. O índice – acima da média mundial de 70% – coloca o País entre os que mais consomem o recurso para este fim. Por aqui, os sistemas de irrigação atendem, principalmente, o setor agropecuário, que, segundo projeções, foi responsável por 23% do produto interno bruto (PIB) nacional em 2015.
Dado o grande consumo do segmento – que historicamente depende da chuva e de técnicas de irrigação rudimentares, como a inundação – a busca por formas mais eficientes de uso de água é incessante. E, segundo o mesmo levantamento da ANA, um tipo de irrigação agrária tem ganhado cada vez mais usuários: o pivô central. Entre 2006 e 2014, houve crescimento de 43,3% na área irrigada por esse sistema, que hoje é o método que detém a maior proporção de novas outorgas emitidas pela ANA: 30,1%.
A irrigação agrária por pivô central funciona de forma relativamente simples. A partir de um ponto fixo no meio da área a ser irrigada, fixa-se uma estrutura que gira neste eixo, despeja-se água de forma gradual e uniforme. Visto de cima, o sistema e a região por ele irrigada lembram a face de um relógio com apenas um ponteiro, sendo a face a região cultivável a ser irrigada, e o ponteiro a estrutura que de fato faz a aspersão do líquido, girando para irrigar toda a área.
O pivô central não é, necessariamente, o melhor sistema de irrigação à disposição – “o melhor” depende da espécie cultivada, do solo onde foi feito o plantio, do clima e de outras variáveis -, mas é razoável dizer que, hoje, a adoção em massa do sistema sugere que a solução apresenta vantagens importantes, principalmente sobre a popular inundação.
Quem adota o pivô central localizado, por exemplo, fala em economia de água graças a precisão do sistema, que funciona até guiado por aplicativo no smartphone (controla-se o volume do recurso utilizado e o local da aplicação com exatidão). A economia de dinheiro também é citada, já que o mesmo sistema que irriga pode ser usado para aplicar produtos como macro nutrientes e inseticidas.
Embora seja o mais popular sistema de irrigação do momento, o pivô central tem seus problemas. Há perdas importantes de água para evaporação em modelos que não permitem a aspersão direcionada do líquido, há limites para o tamanho das plantações que podem ser atendidas pelo pivô central e terrenos com inclinação superior a 20% não podem usar a solução. Há o que melhorar, portanto, mas o pivô parece ter caído nas graças do brasileiro. E refiná-lo pode ser o caminho para o uso, cada vez mais eficiente, de preciosos recursos naturais, como a água, no Brasil.
Leia a íntegra do “Levantamento da agricultura irrigada por pivôs centrais no Brasil – 2014 (2016)“, produzido pela da Agência Nacional de Águas (ANA) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).