Edifício reaproveita até as gotas de água dos sistemas de ar-condicionado; LEED é das certificações em sustentabilidade mais respeitadas do mundo
SÃO PAULO – Pouco mais de seis meses depois de ser inaugurado, o Museu do Amanhã, na região portuária do Rio de Janeiro, se tornou o primeiro museu brasileiro a conquistar o selo ouro da certificação LEED – sigla para “Leadership in Energy and Environmental Design”, que em tradução livre significa “Liderança em Energia e Projeto Ambiental”. Concebida pela organização não governamental americana United States Green Building Council, a certificação é uma das mais respeitadas do mundo quando o assunto é construção sustentável e, no País, ela é representada pelo “Conselho de Construção Sustentável do Brasil”, criado em 2007. O selo ouro, conquistado pelo Museu do Amanhã, é o segundo nível mais alto no ranking de certificação do órgão e perde apenas para o selo platina.
Para conquistar o selo ouro do LEED, o Museu do Amanhã foi avaliado em sete quesitos: uso racional da água, espaços sustentáveis, qualidade dos ambientes internos, inovação e tecnologia, atendimento às necessidades locais, eficiência energética, e redução, reutilização e reciclagem de materiais e recursos. E só a excelência no atendimento a esses quesitos em todas as fases do projeto – da concepção à execução – garantiria o selo. O reconhecimento veio – e veio a reboque das muitas iniciativas sustentáveis da construção, que teve projeto do arquiteto e engenheiro espanhol Santiago Calatrava.
No Museu do Amanhã, por exemplo, toda a água das pias, lavatórios, chuveiros e chuva é tratada e reutilizada pela estrutura. Nem o “pinga-pinga” dos sistemas de ar-condicionado que servem ao museu é desperdiçado – só ali, estimam os engenheiros, são captados quatro mil litros de água todos os dias. E para atender às demandas por água mais expressivas – como para abastecer os espelhos de água ou esfriar máquinas – um sistema capta o líquido da baía de Guanabara e o trata localmente, sem que seja necessário puxar água da rede da cidade. Com essas medidas, estima-se que, anualmente, a economia de água chegue a 9,6 milhões de litros.
Soluções criativas e sustentáveis também podem ser observadas na produção e consumo de energia elétrica pelo Museu. Nele, 9% da demanda por energia é atendida pela produção por 48 conjuntos de painéis fotovoltaicos instalados em estruturas móveis – “asas” – na fachada do edifício que acompanham o movimento do sol, garantindo boa produção até o último raio solar. A economia anual estimada de energia com a adoção desses painéis bate os 2,4 mil mega watts/hora – o suficiente abastecer 600 residências.
O Museu do Amanhã, portanto, parece não ser “do amanhã” só no nome. A preocupação com a sustentabilidade, reconhecida pela certificação ouro do LEED, mostra que há verdadeiro compromisso com um futuro – ou um amanhã – melhor.