SÃO PAULO – Não é de hoje que se sabe que a falta de saneamento básico nas cidades é capaz de afetar o aprendizado de jovens brasileiros. Sem acesso a água e esgoto, as doenças são mais frequentes e a qualidade de vida, como um todo, cai – com reflexos imediatos no rendimento escolar.
Mas será que o contrário também é verdadeiro? Poderia a educação contribuir com a qualidade do saneamento básico do Brasil?
Fato é que um dos problemas que a população enfrenta é a falta de informação ou, pelo menos, da informação que faz diferença para o futuro do planeta. Boa parte das donas de casa não joga o óleo de cozinha da batatinha frita no ralo da pia de propósito. Elas não sabem que ao ir para a galeria de esgoto o resíduo se torna uma espécie de supercola, que vai se juntando a tudo que está nos canos: cabelo, fio dental, preservativo e por aí vai. Só em São Paulo, todos os dias é feita uma limpeza em ao menos 30 pontos da cidade para retirar o óleo grudado – e isso não é o suficiente!
A população, ainda sem práticas sustentáveis, continua fazendo o que sempre fez sem imaginar como está comprometendo o futuro do ambiente ao seu redor, enquanto as concessionárias e órgãos públicos tentam minimizar os estragos. O problema é que reverter a situação depois que o dano já foi feito é muito mais trabalhoso – e consome muito mais recursos. Um litro de óleo, por exemplo, polui 1 milhão de litros de água, ou seja, uma piscina semiolímpica inteira.
Informação demais, conhecimento de menos
Não deixa de ser curioso o fato de vivermos numa época com a informação na ponta dos dedos e, ainda assim, continuar com hábitos muito antigos. Uma pesquisa divulgada em abril deste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que 80,4% das casas brasileiras com acesso à internet (29,6 milhões) já se conectava pelo celular em 2014. Imagine que nos dias de hoje é bastante provável que este número já tenha aumentado.
Ironicamente, esbarramos em outro problema: o volume de informações. Há seis anos, Eric Schimidt, CEO do Google, declarou que a cada dois dias era gerado um volume de informação igual ao que foi gerado do início da civilização até 2003. Hoje, o intervalo para produção de conteúdo equivalente deve ser ainda menor. Mas a hiperoferta de informação nem sempre parece ter os efeitos desejados – a impressão que fica é que o conteúdo relevante e que pode ter impacto na vida das pessoas acaba ficando pra escanteio.
Educação ambiental
Então, quando o assunto é preservação dos recursos hídricos e valorização da infraestrutura de saneamento básico, como fazer reverter o quadro em que estamos? A resposta é tão fácil de dar quanto difícil de executar: educação ambiental. Ações constantes, desenvolvidas pensando em cada tipo de região, podem ser a chave para transformar a realidade do saneamento básico do nosso país.
A Odebrecht Ambiental, por exemplo, concessionária que atende as demandas de saneamento em mais de 180 municípios brasileiros, tem desenvolvido programas socioambientais para despertar a responsabilidade de cada um com o uso consciente da água. Com o cidadão mais atento à sua realidade no que diz respeito ao saneamento e às questões voltadas para a preservação do meio ambiente, nenhum esforço no sentido da universalização do acesso à água e da redução da produção de esgoto é perdido.
Com esse objetivo, de 2013 a 2016 a Odebrecht ambiental investiu, diretamente, R$ 11,5 milhões de reais em iniciativas socioambientais, beneficiando uma média de 600 mil pessoas por ano. “As prestadoras de serviços de saneamento têm um papel muito importante para a educação ambiental da população. Isso é parte do nosso compromisso como prestadores de serviços públicos. E a experiência mostra que quando há um processo de conscientização, a resposta das pessoas é imediata”, diz Fernando Santos-Reis, diretor presidente da empresa.
Proximidade com a comunidade
O programa Olho Vivo, por exemplo, desenvolvido com esses investimentos, tem o objetivo não só de mostrar para a comunidade que é necessário descartar o óleo de cozinha de maneira correta, mas que também é possível reaproveitá-lo para outros fins.
A conscientização começa bem cedo, nas escolas do município, e depois é estendida a toda a sociedade. Com a criação de diversos pontos de coleta do óleo usado, não há desculpa para continuar jogando o material no ralo da pia. Só em Rio Claro, no interior de São Paulo, já existem mais de 70 pontos de coleta espalhados pela cidade.
Em 7 anos, o programa já arrecadou 218 mil litros de óleo e mobilizou 338 mil brasileiros. O resíduo é recolhido e tratado por empresas especializadas em parceria com a Unidade da Odebrecht Ambiental. Toda essa quantidade provavelmente seria lançada na rede de esgoto, o que comprometeria as tubulações. É daí que surgem os entupimentos e até vazamentos de esgoto.
Outra iniciativa de educação socioambiental da Odebrecht Ambiental é o programa Portas Abertas, que convida a comunidade a conhecer as instalações da concessionária para aprender um pouco mais sobre distribuição de água e tratamento de esgoto. Cada unidade tem sua própria programação, mas o objetivo é o mesmo: estreitar o relacionamento com a população e incentivar a discussão de temas socioambientais.
Criado em 2009, o programa já recebeu mais de 68 mil visitantes por todo o Brasil, entre eles escolas e universidades que querem levar o debate sobre a importância do saneamento básico para fora das salas de aula. Os alunos conhecem as etapas de operação e descobrem até mesmo o caminho percorrido pelo esgoto, das residências até as estações de tratamento. Assim, fica mais fácil entender o processo de despoluição e por que é tão importante usar a água de forma consciente.
“Presenciar o processo de tratamento e vivenciar o trabalho dos profissionais dedicados às funções de operação dos sistemas de água e esgoto faz a diferença na vida de um estudante. Com esse tipo de iniciativa ele pode verificar, na prática, a complexidade do sistema”, afirma Camila Caruzo, responsável por responsabilidade social na Odebrecht Ambiental. “A consciência se fortalece a partir da vivencia in loco”, reforça Fernando Santos-Reis.
Capacitação para mudança
Ajudar pessoas a identificar vazamentos, além de explicar a maneira correta de fazer as ligações nas residências e, de quebra, mostrar como fazer pequenos reparos na parte hidráulica. São esses os objetivos do programa Oficina de Encanadores, lançado pela Odebrecht Ambiental em 2012.
O treinamento, totalmente gratuito, tem duração de 4 horas e conta com aulas teóricas e práticas, que acontecem nas próprias instalações da concessionária. Dessa forma, os participantes podem conhecer de perto o funcionamento das redes de água e esgoto.
Mais de 2,4 mil pessoas já participaram do treinamento e estão agindo em prol do uso sustentável de água em suas comunidades. E mais: um cidadão capacitado se torna, imediatamente, um replicador do conteúdo aprendido. O novo encanador as dissemina em seu círculo pessoal e profissional, o que contribui com a educação ambiental da população.
Além disso, a concessionária também tem atuado na capacitação de agentes comunitários de saúde em temas socioambientais e de cultura do saneamento, formando mais multiplicadores desse tema. Até hoje, já foram treinados 2,6 mil profissionais.
A Odebrecht Ambiental vai continuar investindo em ações socioambientais de norte a sul, expandindo a cada ano a implantação dos seus programas nos mais de 180 municípios onde atua. Com a educação sendo levada a todos os níveis culturais e às mais variadas faixas etárias, a expectativa é que da parceria entre a população e as empresas que prestam serviços de água e esgoto surja uma nova consciência ambiental. Com ela, a universalização do acesso aos serviços de saneamento deve se acelerar. E, nos locais já beneficiados pelo saneamento, o serviço se tornar cada vez mais eficiente.