SÃO PAULO – Em pouco mais de 30 anos, aquele cafezinho na primeira hora da manhã ou no meio da tarde pode ser tornar mais raro – e mais caro. Isso porque, segundo estudo pelo The Climate Institute, a produção do café deve diminuir 50% até 2050. A aumento da temperatura por causa aquecimento global e, consequentemente, a mudança nos padrões de chuvas já teriam começado mudar a quantidade e a qualidade das safras.
Se isso acontecer, a vida de 125 milhões de pessoas que dependem das safras seria afetada. Para se ter uma ideia, 25 milhões de fazendeiros no mundo todo tem o café como principal ou única fonte de renda. A maior parte desses agricultores não teria condições de se adaptar às drásticas mudanças, de acordo com o estudo.
Na economia, o resultado poderia ser bastante desastroso. Atualmente, o café é a segunda mercadoria mais valiosa exportada por países em desenvolvimento, movimentando US$ 19 bilhões por ano. Só o Brasil, maior exportador de café do mundo, despachou 35 milhões de sacas do produto para 127 países entre julho de 2015 a junho de 2016, o que gerou uma receita de R$ 17 bilhões. Se houver queda nas próximas décadas, a economia brasileira deve sofrer um dano considerável. Para alguns países em desenvolvimento, o cenário pode ser ainda pior. É caso de Burundi, Etiópia e Nicarágua, por exemplo, cujos ganhos com exportação vêm principalmente do café.
O estudo ainda alerta sobre o risco de desmatamento a partir de 2050, uma vez que os agricultores teriam que buscar áreas mais favoráveis ao cultivo e longe de pragas. Na virada do século, estaria tão quente – quase 5º acima da média atual – que já não existiria mais plantações de café como conhecemos hoje.
O brasileiro bebe mesmo muito café?
Pode apostar que sim. Segundo pesquisa do IBGE, 79% da população do Brasil consome o produto. O mais popular é o bom e velho café coado, seguido do café expresso e café com leite – o famoso pingado. Cada brasileiro toma em média 81 litros de café por ano – cerca de quatro xícaras todos os dias, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Café.
Fonte: The Climate Institute / Conselho dos Exportadores de Café do Brasil / Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) / Associação Brasileira da Indústria do Café