SÃO PAULO – Quem morou em Chattanooga, nos Estados Unidos, durante a década de 60 precisava dirigir com os faróis acesos de tão grave que era o nível de poluição na cidade. Sua reputação era tão ruim que já foi chamada de “a cidade mais poluída do país” em rede nacional, na época.
Em 1969, o órgão ambiental da época – que hoje se tornou o EPA, Enviromental Protection Agency – investigou a qualidade do ar e confirmou que estava repleto de ozônio, partículas e outras toxinas. Sua fama não era nenhum exagero, de fato.
Algumas décadas depois, Chattanooga já é uma das 15 metrópoles americanas com a melhor qualidade de ar. Já foi eleita pela revista Outside duas vezes como a número um em atividades ao ar livre.
Como ela conseguiu?
Nada foi feito da noite para o dia. Nos últimos 40 anos, a cidade de 170 mil habitantes e o governo se uniram para alcançar melhorias, que vão desde um controle rígido de poluição do ar a milhas a quilômetros de linhas de ônibus elétricos. Muitas das iniciativas foram realizadas antes mesmo de se tornarem tendências ou obrigatórias. A causa de sustentabilidade foi abraçada por toda a comunidade.
A reformulação do transporte foi um marco na história do município. Além da emissão zero de poluentes de ônibus por causa dos elétricos, a cidade criou o Bike Chattanooga, um sistema de trânsito com centenas de bicicletas disponíveis em 33 estações pela cidade, disponíveis 24 horas por dia, 7 dias por semana. O serviço custa U$ 5 dólares por mês.
Outra iniciativa verde é o lançamento do programa de compartilhamento de carros elétricos. Disponíveis para aluguel por hora, os Nissan Leafs ainda serão abastecidos por energia solar – que também poderão recarregar gratuitamente quem tem um carro elétrico ou híbrido.
Enquanto isso, o estado fechou cinco fábricas de carvão, que emitem o poluente óxido nítrico. No ar, ele pode converter-se mais tarde em ácido nítrico e implicar em chuvas ácidas ou reagir formando ozônio – um dos principais componentes da poluição.
Hoje, as colinas, vales e rios – um dia foram mascarados pela poluição – são motivos mais que suficientes para atrair turistas e novos negócios sustentáveis, fazendo de Chattanooga um símbolo de recuperação ambiental.