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SÃO PAULO – Água e emprego: qual influência um exerce sobre o outro? Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais do que se imagina. Nas próximas décadas, três em cada quatro empregos em todo o mundo dependerão de forma intensa ou moderada da água. O estudo foi realizado pela agência UN-Water, da ONU, e traz dados que afirmam que o acesso à água e o saneamento básico serão determinantes para o crescimento da economia e geração de trabalho.

Os profissionais que desempenham atividades ligadas ao serviço de saneamento são um dos que mais reforçam essa conexão. Sua atuação acontece de uma ponta a outra; é tão ampla que vai de um engenheiro que busca soluções técnicas a uma assistente social que orienta a comunidade com boas práticas de consumo.

Núcleo do saneamento básico

Engenharia Ambiental ainda é uma área pouco conhecida para quem não é do ramo. Ao menos é o que diz Lorena Santos, coordenadora de operações de água e esgoto da Odebrecht Ambiental em Porto Ferreira (SP). Ela já ouviu de leigos diversas teorias sobre sua profissão. “Acham que nós plantamos árvores, que queremos salvar o mundo”, conta.

Na verdade, a realidade de um engenheiro ambiental é bem diferente do que cultivar mudas mas tem, de fato, um papel importante para o desenvolvimento do planeta. O trabalho da Lorena na cidade do interior paulista, por exemplo, é completamente relacionado ao saneamento básico. Ela é responsável pela supervisão das Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), das Estações de Tratamento de Água (ETA), das Elevatórias de Água Tratada (EAT) e dos Poços na cidade.

Foto: Odebrecht Ambiental

Profissionais da área de engenharia ambiental garantem operação de estações de tratamento de água e esgoto (Foto: Odebrecht Ambiental)

Na Estação de Tratamento de Esgoto, a água que vem das casas ou indústrias passa por um rigoroso tratamento para ser devolvida ao meio ambiente ou reutilizada. Essa é uma das etapas mais importantes do processo, pois garante que os efluentes tenham a destinação correta, evitando poluição de rios e córregos e, consequentemente, contribuindo com a saúde da população. No Brasil, a média nacional de tratamento de esgoto é apenas 40%, o que mostra a necessidade de maior desenvolvimento – e mais empregos – no setor.

“O saneamento básico é um serviço essencial que, infelizmente, poucos brasileiros têm acesso”, destaca Fernando Santos Reis, engenheiro, que presidiu a Odebrecht Ambiental por nove anos. “Os investimentos em saneamento beneficiam diretamente outras áreas, que vão desde a saúde, educação e até valorização de imóveis nas cidades”, completa.

O time do laboratório de análise da Odebrecht Ambiental sabe bem o que se é se preocupar com a água. A equipe é formada por químicos, muitos especializados em gestão e tratamento de água. A responsabilidade é grande: garantir que a qualidade da água esteja dentro dos padrões de potabilidade e o esgoto dentro dos parâmetros requeridos pelos órgãos fiscalizadores.

Infraestrutura

Antes do tratamento de água de fato começar, muitas obras de infraestrutura são necessárias para atender às necessidades de uma cidade. É aí que entra o trabalho do engenheiro civil, que vai realizar o gerenciamento das obras de saneamento básico, como as estações de tratamento, estações elevatórias, interceptores e redes coletoras de esgoto.

O planejamento é uma das etapas que mais envolve profissionais direta e indiretamente. No início de qualquer obra, é necessário realizar o licenciamento ambiental, financiamento, desapropriação e definir o projeto executivo. Feito isso, ainda há a formação da equipe técnica, contratação de mão de obra e fornecedores.

Odebrecht Ambiental - Limeira - São Paulo

Planejamento e execução de obras de saneamento básico envolvem centenas de profissionais (Foto: Odebrecht Ambiental)

Antes mesmo do primeiro punhado de terra ser movido, já foram envolvidas centenas de pessoas dos mais diversos setores. Os engenheiros civis também atuam em conjunto com a área de Operação e Manutenção da empresa, que por sua vez serão responsáveis pelo funcionamento do que foi construído pela equipe técnica e de engenharia.

Rodrigo Lacerda, engenheiro civil da Odebrecht, atua na expansão e operação do Sistema de Esgotamento Sanitário de quatro municípios de Goiás. “Só nessas cidades será uma melhoria para 1 milhão de pessoas”, conta. Ele revela que, mesmo após concluir o curso de engenharia civil, foi necessário continuar se especializando em cursos sobre saneamento.

Entre os custos de operação dos sistemas de soluções ambientais, como ETEs e ETAs, os gastos com energia são valores bastante significativos. Por isso, profissionais do ramo de engenharia elétrica se tornam mais que necessários para garantir o funcionamento dos equipamentos e buscar soluções para melhorar resultados e reduzir custos – para a empresa e, consequentemente, para o consumidor.

Mauá, no interior de São Paulo, tratava apenas 5% do esgoto antes da inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto. Um ano e meio depois, esse índice já é de 50% e continua crescendo. O reflexo da atuação de novos profissionais para construir a ETE já transformou a vida de muitos habitantes.“O saneamento muda o presente e o futuro de uma cidade. O desenvolvimento do país passa por essa área”, lembra Fernando Santos Reis.

Educação ambiental

Além dos cargos com atividades totalmente voltadas para saneamento básico existem aqueles que, de uma forma outra de outra, contribuem para o desenvolvimento do sistema. Esses são trabalhos que lidam diretamente com a comunidade e apesar de não serem responsáveis por levar a água até uma residência, por exemplo, são igualmente importantes, já que orientam sobre como usá-la de forma inteligente.

O agente comercial, também chamado de leiturista, tem como função principal captar os dados do hidrômetro e entregar a fatura aos clientes, mas também tem seu papel educacional. “Somos o contato mais direto com o cliente e isso permite esclarecer dúvidas sobre a leitura, como identificar vazamentos, consumo ou qualquer outro assunto ligado ao saneamento”, diz Luiz Fernando, leiturista da Odebrecht Ambiental. De acordo com o profissional, como geralmente atendem a mesma região, fica mais fácil conhecer melhor os clientes, o que traz proximidade na hora de lidar com qualquer questão.

O mesmo acontece com o assistente social, mas de maneira ainda mais focada na população. Seu trabalho é levar informação de forma acessível sobre saneamento. As formas de praticar a educação ambiental por um assistente são diversas; distribuição de informativos, plantões sociais, reuniões com moradores, atividades em palestras, pesquisas socioeconômicas, entre outras.

O futuro

Segundo o relatório da UN-Water, para cada US$ 1 milhão investidos na América Latina em expansão dos serviços de água e esgoto, 100 novos empregos serão gerados diretamente. Para os próximos anos, está previsto um investimento de US$ 1 bilhão no setor na região e se espera que 100 mil empregos diretos sejam criados.

Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS 2014) / UN-Water