SÃO PAULO – A concentração de CO2 e outros elementos na atmosfera do planeta alcançou a marca preocupante de 400 partes por um milhão (ppm) em 2015 e continua a “disparar em 2016”, segundo relatório da Organização Meteorológica Mundial, agência das Nações Unidas. Na prática, o recorde leva a humanidade para uma nova era climática.
A taxa já havia sido atingida durante alguns meses em certas partes do mundo em 2015, “mas nunca em uma dimensão mundial durante um ano inteiro”. Segundo o estudo, a concentração de CO2 continuará alta durante 2016 e em alguns locais, como no Havaí, não haverá redução por muitas gerações.
A concentração ganhou força com o fenômeno El Niño. As secas agressivas em regiões tropicais, como o Brasil, acabaram tendo impacto na capacidade de florestas, vegetações e o oceanos de absorver CO2. De forma geral, essas áreas são responsáveis por absorver metade de CO2, mas podem ficar saturadas. Isso aumentaria o dióxido de carbono que permanece na atmosfera.
Entre 1990 e 2015 houve um acréscimo de 37% do efeito de aquecimento do clima, diz a OMM. A causa se deve a atividades industriais, agrícolas e domésticas, que geram gases como o CO2, metano (CH4) e NO2 em excesso e que ficam tempo demais na atmosfera.
Efeito estufa
O CO2 é responsável por 65% do aumento do efeito estufa nos últimos dez anos. Em comparação ao período pré-industrial, ele sofreu aumento de 144%. “O verdadeiro problema é o dióxido de carbono, que permanece na atmosfera por milhares de anos e pelos oceanos por muito mais”, afirma Petteri Taalas, secretário-geral da OMM.
“O ano de 2015 fará história por haver marcado uma nova era climática, nas quais a concentração de gases alcançaram níveis sem precedentes”, alerta.
Por outro lado, também foi um período que em a humanidade inaugurou uma nova era de otimismo e de ação pelo clima, com o acordo sobre mudanças climáticas, atingido em Paris. “Se não limitarmos essas emissões, não podemos limitar o aumento de temperaturas”, diz Taalas.