SÃO PAULO – A seca no Nordeste afeta mais de 33 milhões de pessoas e assola parte de todos os nove estados da região brasileira. Entre 2012 e 2015, foram mais de 6 mil de decretos de emergência ou calamidade pública. Animais morreram, pessoas ficaram doente por problemas de abastecimento e qualidade da água e, pela primeira vez, foi possível calcular os prejuízos econômicos e danos materiais causados pela seca.
O resultado: um prejuízo de R$ 103,5 bilhões em três anos, segundo levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM ), a partir de dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres.
Leia mais:
O que a crise hídrica ensinou ao Sudeste
A humanidade entrou para uma nova era climática, diz ONU
Imagens de satélite mostram efeitos da seca no abastecimento de água da Califórnia
O levantamento detalha os prejuízos por área. A agricultura foi o setor mais abalado, pois a perda da safra um prejuízo no Nordeste de R$ 74,5 bilhões. Na pecuária, foram R$ 20,4 bilhões de prejuízo, já os demais prejuízos estão na indústria e no poder público.
Mais que o esperado
A expectativa é que o estudo chame a atenção do poder público para a gravidade dos desastres naturais no Brasil, em valores. Para se ter uma ideia o prejuízo com a seca é equivalente a soma do PIB de Alagoas, Piauí e Sergipe em 2013 (R$ 103 bilhões, sem correção da inflação).
De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios, o valor resultante do prejuízo com a seca no Nordeste é muito mais alto que o esperado. O documento destaca, inclusive, “que tanto a União como Estados e municípios jamais conseguiram suprir financeiramente tais prejuízos” .
O levantamento segue a mesma direção de um outro relatório, divulgado em novembro pelo Banco Mundial, que também afirma que os prejuízos calculados são mais devastadores do que se pensava. De acordo com o relatório do Banco Mundial, os desastres naturais geram um prejuízo superior a US$ 300 bilhões no mundo e colocam 26 milhões de pessoas na pobreza.