SÃO PAULO – O braço das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) defendeu que, com o crescimento da demanda por comida e também da escassez hídrica, é chegada a hora de tratar as águas residuais como um recurso para o crescimento das lavouras.
“Quando utilizados com segurança e gerenciados para evitar riscos ambientais e para a saúde das pessoas, os efluentes podem ser transformados de um fardo para um ativo”, disse Marlos de Souza, funcionário sênior da divisão de água e terra da FAO.
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O órgão está à frente do Dia Mundial da Água (22 de março) que este ano tem como tema a reutilização da água. A FAO defende que, se devidamente geridas, águas residuais podem ser usada com segurança para apoiar a produção agrícola, seja diretamente por meio da irrigação, ou indiretamente a partir da recarga de aquíferos.
Atualmente a agricultura responde por 70% das retiradas de água doce do mundo e esse número pode crescer caso se confirme a previsão de aumento de 50% da demanda por alimento até 2050. Isso faz com que as necessidades de água na agricultura estejam prontas para expandir.
“Embora ainda faltem dados mais detalhados, podemos dizer que, globalmente, apenas uma pequena proporção das águas residuais tratadas está sendo usada para a agricultura. Mas há um número crescente de países — Egito, Jordânia, México, Espanha e Estados Unidos, por exemplo — que estão explorando possibilidades para combater a escassez hídrica”, afirma Souza.
Existem várias tecnologias e abordagens que estão sendo utilizados ao redor do mundo para tratar, gerenciar e utilizar águas residuais na agricultura. “Até agora, o reúso de efluentes para a irrigação tem tido mais sucesso próximo às cidades, onde encontra-se amplamente disponível e geralmente de forma gratuita ou a baixo custo, e onde há um mercado para produtos agrícolas, incluindo culturas não alimentícias. Mas a prática pode ser estendida a áreas rurais também, na verdade já vem sendo bem utilizada por muitos pequenos agricultores”.