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SÃO PAULO – Pela primeira vez, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou uma lista de bactérias ultrarresistentes a antibióticos. O documento é um apelo para que governos  implementem políticas de incentivo à pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos como forma de enfrentar a crescente resistência global aos medicamentos antimicrobianos.

“Esta lista é uma nova ferramenta para garantir que a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) responda às necessidades urgentes de saúde pública”, explica a subdiretora-geral da OMS para Sistemas de Saúde e Inovação, Marie-Paule Kieny. “A resistência aos antibióticos está crescendo, e estamos ficando sem opções de tratamento. Se deixarmos as forças do mercado sozinhas, os novos antibióticos de que precisamos mais urgentemente não serão desenvolvidos a tempo”, acrescenta.

É preciso olhar as estações de tratamento de água
Kara Neudorf, pesquisadora de pós-doutorado em microbiologia da Universidade Dalhousie, concorda que há uma necessidade urgente de novas pesquisas, principalmente sobre os processos que promovem o crescimento e a distribuição de bactérias resistentes em sistemas convencionais de tratamento de água.

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“Nossa necessidade de entender a reprodução e resistência dessas bactérias é crucial tendo em vista a ameaça iminente de uma era pós-antibiótica. A investigação envolvida no monitoramento e mitigação do crescimento e reprodução das bactérias ultrarresistentes pode levar ao maior conhecimento sobre o uso de antibióticos adequada, bem como o desenvolvimento de novos antibióticos eficazes”, disse Neudorf ao site Water Canada.

Ela alerta para o fato de que muitas instalações de tratamento recebem resíduos de fontes hospitalares. “Com a crescente quantidade de organismos resistentes, precisamos expandir nosso conhecimento sobre onde e como precisamos adotar mecanismos de controle”, diz.

Para Neudorf, o saneamento não deve ser esquecido quando se joga luz ao temor de bactérias ultrarresistentes. “Se quisermos que o desenvolvimento de novos antibióticos seja bem sucedido, é necessário entender melhor os mecanismos de resistência. As instalações de tratamento de águas residuais apresentam um grande potencial para o intercâmbio genético dessas bactérias”, finaliza.