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SÃO PAULO – O estado americano de Minnesota é conhecido por seus lagos, água limpa e peixes abundantes. Áreas de pesca e de nado são fatores importantes da economia do estado, ainda que os altos níveis de nutrientes lançados nas águas possam afetar essas atividades. O problema é crescente, tanto que cientistas iniciaram uma ampla investigação sobre a poluição por nutriente no famigerado rio Mississippi.

“Temos mais de 500 lagos e muitos rios prejudicados devido ao fósforo. Os nutrientes podem, inclusive, deixar as fronteiras do estado de Minnesota e seguir a jusante atingindo pessoas em outras cidades que também precisam de água limpa”, disse David Wall, pesquisador da Agência de Controle de Poluição de Minnesota.

Acontece que a água do rio Mississippi corre 4 mil quilômetros levando estes nutrientes. A jornada começa no lago Itasca, no norte de Minnesota, cortando os Estados Unidos e deságuam muito ao sul, no Golfo do México. No caminho, riachos e rios acumulam os nutrientes lançados seja nos solos na forma de fertilizantes ou por falta de tratamento de esgoto.

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Estados do cinturão do milho lançam nitrogênio para córregos locais e para o Golfo do México. (Foto: Pete Van Meter, USGS)

Depois de 4 mil km
Parte desses nutrientes chega a entrar no Golfo do México e o percurso do rio termina em um fenômeno desolador. O acúmulo de nutrientes nas águas do Golfo contribuem para a formação da segunda maior zona de hipóxica — ou baixa de oxigênio — do mundo. Em 2016, o tamanho estimado da zona hipóxica no Golfo do México era de gigantescos 15 mil km2.

Vale lembrar que o Golfo é uma importante área de pesca comercial e recreativa, que gera cerca de 662 milhões de dólares para a economia. Também não é de se estranhar que a hipóxia, ao afetar a vida aquática através da redução de crescimento e reprodução, traga impactos negativos na economia.

Cientistas afirmam que, para que haja mitigação do problema, é fundamental compreender a fonte desses nutrientes. Porém, fazer a identificação consiste em uma tarefa complicada pois são mais de 3 milhões de quilômetros quadrados na bacia do rio de Mississippi, a quarta maior do mundo.

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“Fertilizantes utilizados nas lavouras, poluição do ar e esgoto são algumas das principais fontes de nitrogênio transportados na bacia do rio Mississippi até o Golfo do México,” afirma Michael Woodside, hidrólogo do US Geological Survey (USGS).

Comece pela fonte do problema
Para rastrear os nutrientes, o USGS desenvolveu um mecanismo de análise chamado de modelo de Regressão Referenciada Espacial. Apelidada de SPARROW, a ferramenta de modelagem faz a interpretação regional dos dados de monitoramento da qualidade da água. O modelo relaciona as medições de qualidade da água com as características espacialmente referenciadas das bacias hidrográficas, incluindo fontes de contaminantes e fatores que influenciam o transporte terrestre e aquático.

A necessidade de informação para traçar ações é pesada. A ferramenta SPARROW consegue estimar a origem e o destino dos contaminantes na bacia hidrográfica e quantifica até as incertezas nas previsões do modelo. “Minnesota usou os resultados da SPARROW, juntamente com outros dados, para informar nossa estratégia de redução de nutrientes”, disse Wall. “Além disso, usamos o modelo em combinação com outras ferramentas de modelagem para ajudar a estabelecer metas e metas para redução de nutrientes, além de avaliar as reduções de carga esperadas nas fronteiras do Estado”.

As várias peças do quebra-cabeças, como os dados da SPARROW, por exemplo, conseguiram fazer com que autoridades de Minnesota conseguissem identificar as bacias hidrográficas prioritárias e iniciar as ações de redução de nutrientes. Mesmo assim, para avançar é preciso um esforço coletivo de inúmeros parceiros.

Tanto que foi criada uma força-tarefa que engloba Estados e agências federais como o USGS, realizando um trabalho para minimizar os nutrientes que entram no rio Mississippi. Os avanços existem, mas agora a força-tarefa está buscando novos parceiros, como universidades, organizações agrícolas e comunidades para aumentar a efetividade do projeto de, pelo menos, 4 mil km.