Todos os dias, 200 milhões de horas são perdidas por mulheres pelo mundo em verdadeiras peregrinações por água minimamente limpa para suas casas e famílias. Isso significa que, todos os dias, 22,8 mil anos do tempo de centenas de milhões de mulheres é desperdiçado nessa única função – preterindo outras tarefas, como a dedicação aos estudos ou a um emprego.
Os números são da Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, e revelam o quanto a falta de água vitima as mulheres de forma desproporcionalmente maior que os homens. “Quando a água não está disponível, são as mulheres e as meninas que pagam com tempo, esforço e oportunidades perdidas para garantir que suas casas e família tenham o recurso”, disse Sanjay Wijesekera, diretor global para água, saneamento e higiene do Unicef, em comunicado oficial.
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Os resultados da reversão desse quadro de desigualdade, seja com a oferta de água mais acessível ou, pelo menos, a divisão da responsabilidade pelo suprimento da água de casa com os homens, impressionam. De acordo com o Water.org, uma organização não-governamental multinacional que trabalha com a concessão de crédito para pequenas obras de infraestrutura hídrica, os ganhos se dão em três grandes eixos: educação, saúde e oportunidades sócioeconômicas.
Ganhos em educação
Os reflexos positivos da oferta de água para meninas e mulheres no plano educacional incluem o aumento da frequência delas em cursos e aulas e a queda nos índices de analfabetismo.
Ganhos em saúde
Já no plano da saúde, reduzem-se a mortalidade das mães durante o parto e o estresse psicológico em torno de situações corriqueiras, como a menstruação e a gravidez. Reduzem-se, ainda, as chances de lesões físicas, já que as mulheres e meninas deixam de carregar, diariamente, as pesadas latas de água, e os riscos de estupro e outras violências às quais elas estão expostas quando são obrigadas a vencer as longas distâncias que separam suas casas de um poço ou uma fonte de água segura.
Ganhos sócioeconômicos
Por fim, há ganhos importantes em termos de oportunidades socioeconômicas. Desobrigadas de procurar água todos os dias, as mulheres passam a exercer outras funções que não as tradicionais, como cuidar do lar e da família. Com isso, as mulheres passam a ter mais voz em suas casas e comunidades, e, com autonomia e reconhecimento, têm mais chances de conquistar um emprego e garantir a própria independência financeira.
Não surpreende, portanto, que 94% dos que pleiteiam financiamento ao Water.org são mulheres. A água, na vida das mulheres, faz mais diferença.