SÃO PAULO – Noventa países comprometidos com a meta de universalizar o saneamento básico até 2030 não devem cumprir o acordado. A conclusão consta no relatório sobre o saneamento no mundo intitulado “Progress on Drinking Water, Sanitation and Hygiene: 2017 Update and Sustainable Development Goal Baselines”, publicado em julho pela Organização das Nações Unidas (ONU) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda de acordo com o documento, 4,5 bilhões de pessoas não têm acesso a serviços seguros de saneamento básico. Isso significa que seis em cada 10 habitantes da Terra não têm o serviço. O estudo mostrou, também, que apenas três em cada 10 terráqueos têm acesso a água segura em casa.
Leia mais
IBGE: Saneamento avança no Brasil, mas 24 milhões de lares ainda não têm rede de esgoto
Saneamento básico: universalização traria R$ 537 bi em benefícios ao País
Petição quer 3 milhões de assinaturas pela universalização do saneamento básico
“Água, saneamento e higiene são críticos para garantir a saúde das crianças”, diz Anthony Lake, diretor executivo do Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância. “Nesse sentido, água, saneamento e higiene são essenciais na construção de sociedades mais fortes, saudáveis e igualitárias”, afirma.
Desigualdade mundial
Além de números gerais, o estudo também mostrou a desigualdade na distribuição dos serviços de saneamento pelo mundo. O acesso à água e sabão, por exemplo, varia enormemente entre os países pesquisados. Enquanto só 15% da população em nações da África sub-saariana têm acesso a esses dois recursos higiênicos básicos, 76% da população no oeste da Ásia e no norte da África têm água e sabão garantidos. A higiene é uma das ferramentas mais simples e eficientes no combate a doenças como diarreia, cólera, disenteria, hepatite A e febre tifóide. Só a diarreia mata cerca de 361 mil crianças com menos de cinco anos todos os anos, segundo dados de agências da ONU.
Números assustam
O levantamento mostrou, ainda, que 600 milhões de pessoas pelo mundo não têm privada própria e precisam dividir latrinas com vizinhos, enquanto 892 milhões, principalmente em áreas rurais, defecam a céu aberto. “Melhorar indicadores como esses em comunidades menos favorecidas e com crianças aumenta as chances de um futuro melhor”, diz Lake, do Unicef.
“Estamos falando das necessidades mais básicas para garantir a saúde humana”, afirma Tedros Ghebreyesus, diretor geral da OMS. “Todos os países têm a responsabilidade de garantir o acesso de todos esses recursos”, disse.