SÃO PAULO – A tecnologia envolvida na produção e armazenamento de energia eólica acaba de ganhar uma nova e importante aliada: a água. Na Alemanha, mais precisamente na cidade de Gaildorf, à nordeste de Stuttgart, a Max Bögl Wind AG está construindo a mais alta turbina eólica do mundo. E, por incrível que pareça, não é só a imensa altura da máquina – até 178 metros medidos da ponta mais alta da pá rotatória ao chão – que está chamando atenção. Ao pé da turbina, uma imensa caixa d’água elevada foi instalada para funcionar como uma “bateria de água”. A novidade vai permitir que a turbina distribua energia gerada pelo vento para os consumidores da região mesmo quando suas pás estiverem paradas – ou seja, quando não tiver vento.
O sistema funciona da seguinte maneira: quando os ventos estão fortes e o nível de consumo de energia elétrica da região abaixo da média, o excedente de energia produzido pelas turbinas, que seria perdido, é redirecionado para bombas de água instaladas em um lago próximo. Acionadas, as bombas passam a jogar água para uma caixa que fica ao pé da turbina, mas elevada em relação ao lago.
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O líquido permanece ali, armazenado, até que a demanda por energia aumente a ponto de as turbinas não darem conta – ou simplesmente quando as turbinas não estão girando por falta de vento. Nesse momento, a água em elevação é liberada e a gravidade a empurra duto abaixo na direção de um gerador de hidrelétrico, no nível do lago, que produz energia a ser distribuída na região. Em síntese: a energia do vento é estocada na água, que funciona como uma bateria que a armazena para consumo em momentos de necessidade.
Cada caixa de água tem capacidade para armazenar o equivalente a cerca de 70 Megawatt-hora (MWh). Quando estiver pronto, em 2018, todo complexo deve produzir cerca de 10 gigawatt-hora – o suficiente para abastecer 2,5 mil casas com quatro pessoas, segundo estimativas da Max Bögl Wind.
Bateria de água
O conceito de bateria de água não é novo. Recentemente, uma nota do Juntos Pela Água detalhou o projeto de um resort no Bahrein que pretende usar uma solução semelhante, batizada de “Blue Battery”. Nesse caso, as baterias também serão reservatórios de água, mas elas ficarão nos topos dos edifícios mais altos do complexo de entretenimento. Durante o dia, quando painéis solares funcionam a todo vapor e o consumo de energia é menor, parte do excesso de energia será usada para bombear água para os reservatórios nos topos dos edifícios. A noite, quando não há mais sol, a água será despejada, por dutos, do topo do prédio, para turbinas, no nível do solo, que gerarão energia elétrica para ser usada a noite.