Os investimentos em saneamento básico (redes de água e esgoto) no Brasil recuaram e em 2017 o montante ficou abaixo do total aplicado no setor seis anos antes, em 2011. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), o ano-base de 2017 registrou investimento de R$ 10,9 bilhões, valor inferior aos R$ 10,91 bilhões de 2011 – os valores foram atualizados pelo índice IPCA.
O Instituto Trata Brasil levantou e organizou dados sobre saneamento das 100 maiores cidades do Brasil, onde habita 40% da população brasileira, e analisou o investimento realizado em cada uma delas. A conclusão é de que a desigualdade se acentua: as melhores cidades em saneamento investem em média quatro vezes mais do que as piores cidades no país.
“Mais de 50% dos investimentos estão concentrados em apenas 100 cidades. Ainda que nelas viva mais de 40% da população, é preocupante pensar que mais de 5.600 municípios, juntos, são responsáveis por menos de 50% do valor investido em saneamento básico. Isso explica por que as cidades médias e menores em geral carecem desta infraestrutura”, afirma Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil.
Desigualdade entre cidades
O levantamento informa que das 100 maiores cidades, 90 apresentam mais de 80% da população com água tratada, mas, em contrapartida, somente 46 cidades possuem mais de 80% da população com coleta de esgotos e apenas 22 delas tem tratamento de esgoto para mais de 80% dos habitantes.
De acordo com o ranking de saneamento produzido pelo Trata Brasil, municípios com melhor saneamento, nos últimos 5 anos, investiram quatro vezes mais do que os que estão piores nessa infraestrutura – os destaques estão nos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Em números absolutos, juntas, as 20 melhores cidades concentram 24 milhões de habitantes e investiram R$ 15 milhões nos últimos 5 anos; as 20 piores cidades têm população de 15 milhões de pessoas e investimento de R$ 2,6 milhões no quinquênio – uma diferença per capita de, respectivamente, R$ 84 para R$ 25.
Em todo Brasil, a cada dia, são lançadas 5.622 piscinas olímpicas de esgoto não tratado em solo, córregos, rios, mar e demais cursos d’água. Em contrapartida, os índices de atendimento de água são bem melhores. Cerca de 90% dos municípios possuem atendimento de água maior que 80% da população e já há 22 cidades com 100% da população atendida com água potável e 18 cidades com 99%.