SÃO PAULO – É um pássaro? Um avião? Uma bactéria recém descoberta? Nada disso. O Antropoceno, dizem alguns cientistas, é a época geológica do planeta Terra que vivemos nos dias de hoje. A transição teria ocorrido devido a interferência intensa e irreversível da humanidade na natureza, substituindo-a como força dominante.
O termo foi usado pela primeira vez pelo ganhador do Prêmio Nobel de Química, Paul Crutzen, no ano 2000. Desde então, seu conceito foi disseminado na comunidade acadêmica e ganhou força na última década. Contudo, ainda não é reconhecido oficialmente e por enquanto continuamos na era Holocena (iniciada há 11.500 anos).
O que está causando discussão no meio acadêmico é que mudar de uma era para outra não é tão simples assim. É necessário um estudo bastante profundo para saber se o impacto do homem no planeta Terra será algo, literalmente, escrito em pedra e poderá ser visto em sedimentos e rochas daqui a milhões de anos.
A polêmica ganhou tanto espaço nas conferências pelo mundo que, em 2013, a Comissão Internacional de Estratigrafia (ICS, em inglês), responsável pela definição da escala de tempo da Terra, convocou especialistas para decidir de uma vez por todas se, afinal, estamos na era Antropocena e quando ela teve início. O prazo é até este ano.
Ao que tudo indica, a decisão está mais favorável à mudança de época. Um relatório preliminar sobre o assunto foi publicado na revista Science e diz que, sim, as ações do homem no planeta podem ser suficientes para justificar uma nova classificação. Após as recomendações finais, caberá a ICS incluir ou não o Antropoceno na história de um planeta de 4,6 bilhões de anos.