Região Norte é a que mais sofre com a falta de coleta de abastecimento de água e coleta de esgoto
SÃO PAULO – Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD/2014, o saneamento básico na zona rural ainda é muito precário; apenas 33,4% das casas estão ligadas à rede de distribuição de água, ou seja, mais de 20 milhões de brasileiros não têm esse serviço. Os dados ainda mostram que 66,6 % dos domicílios rurais usam outras formas de abastecimento, como chafarizes e poços (protegidos ou não), geralmente inadequadas para consumo humano.
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A situação fica ainda mais preocupante quando são analisados dados de esgotamento sanitário: apenas 5,1% dos domicílios estão ligados à rede de coleta de esgotos, 2,7% utilizam a fossa séptica ligada a rede coletora e 23,5% fossa séptica não ligada a rede coletora como solução para o tratamento dos dejetos. Os demais domicílios (68,7%) depositam os dejetos em “fossas rudimentares”, lançam em cursos d´água ou diretamente no solo a céu aberto, segundo o estudo.
O Norte do País tem o cenário mais crítico, já que conta com coleta de esgoto em apenas 7,9% da área rural, segundo o IBGE. A situação na zona urbana não é tão melhor: só 10%. Logo atrás, está o Nordeste com 23,8% da população do campo atendida e, surpreendentemente, a região Sul, com 38,1%. Menos da metade das casas no Centro-Oeste também não tem acesso a esse serviço: apenas 46,9%. O melhor índice fica para a rica região Sudeste, com 78,3% da zona rural saneada.
Com a falta de saneamento, a comunidade sofre com doenças transmitidas pela água, como parasitoses intestinais e diarreias, que são responsáveis pelo aumento da taxa de mortalidade infantil. O Sistema Único de Saúde (SUS) estima que 76 mil casos de diarreia poderiam ser evitados todos os anos se houvesse mais saneamento.
Segundo o Censo 2010, 25% da população rural encontra-se em estado de extrema pobreza, ou seja, vivem com menos de R$ 70 por mês. Não por acaso, a maior parte das pessoas encontra-se no Norte e Nordeste, onde o saneamento básico ainda é muito raro.
Fonte: IBGE / Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) / Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD/2014