SÃO PAULO – Por ordem do papa Francisco, o Vaticano desligou cerca de 100 fontes que funcionam na cidade-estado, na Itália. Não há registro de medida parecida imposta por um papa desde que os sumo-pontífices passaram a ocupar o que hoje chamamos de Vaticano, no século 14 – mais de seis séculos atrás. A decisão foi tomada em função da crise hídrica que assola a Itália.
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Trata-se da pior estiagem em mais de 60 anos. Roma, capital do país onde fica a o Vaticano, registra índices de chuva abaixo da média há dois anos e vem desligando fontes pela cidade desde 2015. Hoje, cerca de 2/3 da terra cultivável do país sofre com o fenômeno e estima-se que a seca já tenha custado cerca de 2 bilhões de euros, o equivalente a cerca de R$ 7,4 bilhões, aos fazendeiros e pequenos produtores italianos.
O papa da “Encíclica Verde”
Na chamada “Encíclica Verde”, publicada em 2015, o papa Francisco abraçou, oficialmente, a causa ambiental e abordou os problemas associados à falta de água potável, descrita como “indispensável para a vida humana e para sustentar os ecossistemas”. No documento, Francisco lembrou, ainda, de “um problema particularmente sério (…): o da qualidade da água disponível para os pobres, que diariamente ceifa muitas vidas”. O documento foi e ainda é celebrado mundialmente por levar o assunto ao centro das discussões de uma das maiores religiões do planeta.