SÃO PAULO – Cerca de 20 dias depois de ser castigado pelos ventos de 280 km/h do furacão Maria, o arquipélago de Porto Rico e sua capital San Juan, no Caribe, ainda sofrem com a falta de água e suas consequências. Cerca de metade do país permanece sem o recurso, sendo que em algumas regiões, como a porção Norte do arquipélago, quase 80% das pessoas seguem sem água tratada. Especialistas em saúde em situações de catástrofe alertam para o riscos de epidemias de doenças como a hepatite A, os enterovírus, a campilobacteriose e a giardíase, além da multiplicação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, Zika e chikungunya. “PRECISAMOS DE ÁGUA!”, tuitou a prefeita de San Juan Carmen Yulin Cruz, no último domingo (8).
Quer ajudar as vítimas porto-riquenhas do furacão Maria?
Conheça a iniciativa “Unidos por Puerto Rico”, da primeira-dama do país.
Leia mais
Guerra no Iêmen foi determinante para epidemia de cólera que assola o país
Como a falta de saneamento nas cidades prejudica a saúde da população
Beyoncé e Unicef vão levar água potável para mulheres e crianças no Burundi
A falta de água dificulta e, por vezes, até inviabiliza o descarte adequado de esgoto, além de complicar procedimentos corriqueiros de higiene, como a lavagem das mãos. Como as principais doenças transmitidas nesse contexto provocam diarreia, que, por falta de água, acaba não sendo descartada apropriadamente, o ciclo se fecha e se retroalimenta. Enquanto isso, a multiplicação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti, nesse contexto, é turbinada de duas maneiras. As enchentes causadas pelo furacão formam poças de água limpa, ideais para o crescimento das larvas do mosquito, e os afetados pela falta de água desenvolvem o hábito de estocar o pouco recurso a que têm acesso – muitas vezes não selando os tonéis e recipientes adequadamente e assim criando novos criadouros para vetor.
Cólera
Uma das doenças comuns em situações como essa é a cólera, também transmitida por água contaminada. No Iêmen, por exemplo, nação no Oriente Médio em guerra civil, a destruição da infraestrutura de água deu início a uma das maiores epidemias da doença de que se tem notícia. Felizmente, para Porto Rico, a bactéria causadora da cólera não é endêmica ao país. O que não quer dizer que a nação está livre do mal. No Haiti, por exemplo, a cólera também não era endêmica, mas foi levada ao país por voluntários que participaram dos esforços pela reconstrução da ilha, quando sua infraestrutura ainda estava destruída pelo terremoto de 2010.
Fica a lição: monitorar o surgimento e a multiplicação de doenças em situações de emergência é tão importante quanto reconstruir o que foi destruído.
Veja, abaixo, vídeo com resumo do impacto do furacão Maria no arquipélago de Porto Rico (gratuito, em inglês)