SÃO PAULO – Marrocos, Índia, Iraque e Espanha podem ser os próximos países a enfrentar crises hídricas da magnitude da que se viu, no começo do ano, na Cidade do Cabo, o maior aglomerado urbano da África do Sul, com mais de 4 milhões de habitantes. As informações são de um novo sistema de monitoramento de barragens via satélite desenvolvido pela World Resources Institute (WRI), uma organização ambiental norte-americana, e a Deltares, uma instituição de monitoramento hídrico holandesa. O projeto também conta com apoio do governo holandês.
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Batizado de de “Resource Watch” (ou “Observador de Recursos”, em tradução livre), a novidade entrou no ar no começo de abril com dados completos das principais barragens nos quatro países citados acima. Nos próximos meses, as informações de outras 500 mil barragens pelo planeta devem ser incluídas no sistema. A base de informações é alimentada por um fluxo contínuo de imagens de satélite em alta resolução produzidas pela ESA, a Agência Espacial Europeia, e a NASA, a agência espacial norte-americana. Os petabytes de informação são trabalhados pelo Google Earth Engine, um algoritmo de processamento e análise de imagens de satélite.
A situação no Marrocos
A situação no Marrocos é a que mais preocupa. Segundo dados compilados pela Resource Watch, o segundo maior reservatório do país, formado pela barragem de Al Massira e que atende cidades como Casablanca, perdeu 60% de seu volume nos últimos três anos e atingiu o nível mais baixo em uma década. Mesmo com as chuvas recentes, os índices não melhoraram de maneira relevante. Da última vez que o reservatório atingiu níveis como esses, mais de 700 mil marroquinos foram diretamente afetados.
Conflito por água no Iraque
A região da Barragem de Mosul também perdeu 60% de seu volume acumulado nos últimos anos graças, principalmente, às alterações climáticas e a projetos hidroenergéticos turcos nos rios Tigres e Eufrates, que atendem a região. Como na já acontece na Síria, se prevê novos conflitos na região motivados pela disputa pela água.
Conheça a ferramenta Resource Watch (gratuito, em inglês) e explore os dados compilados. Já há dados compilados sobre o Brasil e a América Latina, mas eles ainda não foram trabalhados de maneira estruturada. Em breve, novos cruzamentos serão apresentados, então vale ficar de olho no Resource Watch.