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SÃO PAULO – Dos mais de 207 milhões de brasileiros, 50,3% têm acesso à coleta dos esgotos, porém apenas 42% dos esgotos são tratados. Cerca de 34 milhões de brasileiros não têm acesso a água tratada.  É o que mostra levantamento realizado pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a consultoria GO Associados, a partir de dados de 2015.

A conclusão do estudo é que há muito para avançar em saneamento básico no Brasil e que, apesar dos investimentos feitos nos últimos cinco anos, o país progrediu pouco, inclusive nas capitais.

O Ranking do Saneamento aponta que entre 2011 e 2015, o Distrito Federal e 25 capitais (exceto Palmas) investiram juntos R$ 19,44 bilhões, ou 63% do que investiram as 100 maiores cidades brasileira (R$ 30,8 bilhões) e 32% do que o país todo investiu no mesmo período (R$ 60,6 bilhões). Em termos dos indicadores mais críticos, as 24 capitais não tratam mais de 80% dos seus esgotos (somente Brasília 82% e Curitiba 91%), e as grandes cidades do Norte ocupam as últimas colocações do Ranking do Saneamento com números bem abaixo da média nacional na maioria dos indicadores.

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“Essas 26 grandes cidades abrigam quase um quarto da população do país, então é esperado que tenham os maiores desafios para levar os serviços de água e esgotos à totalidade da população, mas é também certo que são as que têm mais condições de fazer projetos e levantar recursos para a solução. E isso não vem ocorrendo”, afirma Édison Carlos, presidente do Trata Brasil.

Ainda sobre investimentos em saneamento, é importante ressaltar que o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) estima que para universalizar os serviços de saneamento básico são necessários R$ 19 bilhões por ano até 2033. No entanto, esse investimento não tem sido feito. De acordo com o estudo, o ritmo atual é de investimento de R$ 13 bilhões ao ano. Com isso, a meta deve ser atingida apenas após 2050.

Coleta de esgoto
Nas maiores cidades, em média, 71,05% da população tinham coleta de esgoto, índice superior à média nacional em 2015 (50,26%).  De acordo com o estudo, 44 cidades reportaram que mais de 80% da população possui os serviços de coleta de esgotos, 25 cidades informaram que menos de 40% da população conta com esses serviços, enquanto que em 8 municípios o índice ficou entre 0 e 20%.

Cinco cidades reportaram 100% (Curitiba-PR, Diadema – SP, Londrina – PR, Maringá – PR e Ponta Grossa – PR), enquanto Santarém – PA indicou 0% (zero). Já as grandes cidades da Região Norte ocupam as últimas colocações no ranking do saneamento e apresentam números bem abaixo da média nacional, na maioria dos indicadores.

“É preocupante o fato de que 13 das 27 capitais atendam menos da metade da população com coleta de esgoto. Situação análoga ocorre com o tratamento, em que algumas capitais tratam menos de 10% dos esgotos gerados. Assim, se mostra fundamental um salto em investimentos e são as capitais os municípios com maior capacidade para tal”, ressalta Gesner Oliveira, sócio da GO Associados.

O Ranking do Saneamento Básico das 100 maiores cidades do país é divulgado pelo Instituto Trata Brasil desde 2009, sempre a partir de dados oficiais fornecidos pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico (SNIS), do Ministério das Cidades. Os números são informados pelas próprias empresas operadoras de água e esgotos dos municípios brasileiros ao governo federal.