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SÃO PAULO – O Instituto Trata Brasil e a consultoria GO Associados divulgaram, hoje, o Ranking do Saneamento Básico 2018 com base no mais recente levantamento do setor, conduzido pelo Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (SNIS), elaborado, por sua vez, com dados de 2016. O estudo mostra que, embora o País tenha registrado avanços, entre 2015 e 2016, na coleta e tratamento de esgoto, não houve variação no acesso à água tratada e pioraram os índices de perdas na distribuição e de investimentos no setor. Quando o recorte comparativo é expandido para 2011, há avanços em todos os setores, com exceção do índice de investimento, que caiu cerca de 3,4%, de R$ 11,9 bilhões para R$ 11,4 bilhões.

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Édison Carlos é presidente executivo do Instituto Trata Brasil, que fez o “Ranking do Saneamento 2018” em parceria com a GO Associados

“Quando discutimos o acesso à água e esgoto no Brasil temos que imaginar as diferentes realidades. Precisamos buscar saídas para avançarmos como país, especialmente no Norte, Nordeste e parte do Sul”, disse Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil. “O Brasil tem milhares de pessoas sem acesso à infraestrutura mais elementar e isso nos mantém longe do mundo desenvolvido”, reformou Édison. Gesner Oliveira, da GO Associados, lembrou ainda que resultados como esses distanciam o Brasil das metas estabelecidas com a Organização das Nações Unidas (ONU), em especial o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

“Assumimos um compromisso mundial com os ODS, principalmente o número 06, em que o governo brasileiro promete levar água e saneamento para todos até 2030”, disse Oliveira. “Ao não cumprir a meta de universalização do acesso à coleta e tratamento dos esgotos, por exemplo, colocamos em risco o atingimento de vários outros ODSs, principalmente os relativos à proteção da infância e à melhoria da saúde.”

Resultados nacionais

Os resultados do Ranking do Saneamento 2018 se dividem em duas partes: uma que trata dos números relativos a todo País e outro que trata dos números relativos às 100 maiores cidades brasileiras. Entre os destaques dos dados relativos a todo País, estão os que tratam de acesso à água, coleta e tratamento de esgoto.

Abastecimento por água potável
Em 2016, 83,3% da população tinha abastecimento por água potável, ou seja, 16,7% não tinha acesso, o que representa 35 milhões de brasileiros sem o serviço. A evolução entre 2011 e 2016 foi de 0.9 ponto percentual. Nesse ritmo, chegar aos 16,7% que ainda não tem o serviço levaria 93 anos.

Coleta de esgoto
Em 2016, 51,9% da população tinha acesso à coleta de esgoto, ou seja, 48.1% não tinha acesso, o que representa mais 100 milhões de brasileiros sem o serviço. A evolução entre 2011 e 2016 foi de 3,8 pontos percentuais. Nesse ritmo, chegar aos 48,% que ainda não tem o serviço levaria 63 anos.

Tratamento de esgoto
Em 2016, apenas 44,9% do esgoto do país era tratado, ou seja, 54,9% era lançado, sem tratamento, no meio ambiente. A evolução entre 2011 e 2016 foi de 7,4 pontos percentuais. Nesse ritmo, tratar os 54,9% do esgoto hoje não tratado levaria 37 anos.

Fonte: Instituto Trata Brasil e GO Associados

Resultados municipais

Os dados sobre a situação do saneamento nas 100 maiores cidades do Brasil mostram, principalmente, as grandes desigualdades no acesso a esses serviços no País.

Abastecimento de água potável
20 municípios possuem 100% de atendimento da população e 41 cidades com atendimento superior a 99%. A grande maioria, 90 das 100 cidades, atendem mais de 80% da população com água potável. O menor atendimento foi o de 29,98%, no município de Ananindeua, no Pará.

Os 10 municípios com maior atendimento em água são Uberlândia (MG) 100%; Vitória da Conquista (BA) 100%; São José dos Campos (SP) 100%; Taubaté (SP) 100%; Petrolina (PE) 100%; Piracicaba (SP) 100%; Curitiba (PR) 100%; Niterói (RJ) 100%; Suzano (SP) 100%; Porto Alegre (RS) 100%.

Os 10 municípios com menor atendimento em água são Belford Roxo (RJ) 78,12%; Aparecida de Goiânia (GO) 75,97%; Jaboatão dos Guararapes (74,17%); Belém (PA) 70,41%; Caucaia (CE) 67,40%; Rio Branco (AC) 54,63%; Santarém (PA) 52,39%; Macapá (AP) 39,11%; Porto Velho (RO) 33,05%; Ananindeua (PA) 29,98%.

Coleta de esgoto
Dois municípios possuem 100% de coleta de esgoto (Cascavel-PR e Piracicaba – SP), outros 10 municípios possuem índice superior ou igual a 98% e podem também ser considerados universalizados. O mínimo da população atendida com serviço de coleta de esgoto é 0,75%, também no município de Ananindeua – PA

Os 10 municípios com indicadores de coleta de esgoto mais positivos são Cascavel (PR) 100%; Piracicaba (SP) 100%; Curitiba (PR) 99,99%; Londrina (PR) 99,99%; Maringá (PR) 99,99%; Ponta Grossa (PR) 99,99%; Santos (SP) 99,88%; Franca (SP) 99,62%; Santo André (SP) 98,77%; Uberaba (MG) 98,5%.

Os 10 municípios com indicadores de coleta de esgoto mais deficitários, são Aparecida de Goiânia (GO) 24,93%; Teresina (PI) 23,49%; Rio Branco (AC) 22%; Jaboatão dos Guararapes (PE) 18,95%; Belém (PA) 12,62%; Manaus (AM) 10,18%; Macapá (AP) 8,91%; Santarém (PA) 4,29%; Porto Velho (RO) 3,39%; Ananindeua 0,75%

Tratamento de esgoto
Seis municípios relataram tratar todo o esgoto gerado (100%), 16 informaram valores superiores a 80%, sendo também considerados universalizados no contexto deste Ranking. O mínimo reportado em tratamento de esgoto foi 0% nas cidades de Governador Valadares – MG, Nova Iguaçu – RJ e São João de Meriti – RJ. Ananindeua – PA reportou 0,91%

Os 10 municípios com os maiores índices de tratamento de esgoto são Jundiaí (SP) 100%; Limeira (SP) 100%; Niterói (RJ) 100%; Petrópolis (RJ) 100%; Piracicaba (SP) 100%; Salvador (BA) 100%; Campina Grande (PB) 99,89%; Maringá (PR) 99,08%; Franca (SP) 98,03%; Santos (SP) 97,63%.

Os 10 municípios com os menores índices de tratamento de esgoto são Duque de Caxias (RJ) 3,89%; Bauru (SP) 3,44%; Belém (PA) 2,67%; Guarulhos (SP) 2,12%; Porto Velho (RO) 1,54%; Santarém (PA) 1,39%; Ananindeua (PA) 0,91%; Governador Valadares (MG) 0%; Nova Iguaçu (RJ) 0%; São João de Meriti (RJ) 0%.

Perda de distribuição de água
As perdas ocorrem por vazamentos, erros de leitura dos hidrômetros, furtos (“gatos) e outros fatores. Quanto menor for essa persa, melhor classificado é o município no Ranking. O indicador médio na amostra foi de 39,07%, uma piora frente os 37,77% de 2015. O valor de 2016 é superior à média nacional, de 38,01%. A pior e melhor perdas ocorreram respectivamente em Porto Velho – RO (70,88%) e Palmas – TO (13,05%).

Os 10 municípios com os menores índices de perdas são Palmas (TO) 13,05%; Limeira (SP) 15,57%; Santos (SP) 17,25%; Guarulhos (SP) 18,13%; Campo Grande (MS) 19,42%; Vitória da Conquista (BA) 19,76%; Campinas (SP) 21,59%; Goiânia (GO) 22,53%; Campina Grande (PB) 24,53%; Maringá (PR) 24,75%.

Os 10 municípios com maiores índices de perdas são Maceió (AL) 59,93%; Várzea Grande (MT) 60,70%; Recife (PE) 61,16%; Ribeirão Preto (SP) 61,48%; São Luís (MA) 62,70%; Olinda (PE) 62,70%; Boa Vista (RR) 65,99%; Macapá (AP) 66,25%; Paulista (PE) 67,92%; Porto Velho (RO) 70,88%.

Leia o relatório completo (íntegra, gratuito) do “Ranking do Saneamento 2018”. Confira também a tabela completa (íntegra, gratuita) com as 100 cidades avaliadas no “Ranking do Saneamento 2018”. Os levantamentos completos de 2017 e 2016 também pode ser baixados na íntegra e gratuitamente: Ranking do Saneamento 2017 e Ranking do Saneamento 2016.